O presidente da Assembleia Legislativa, Max Russi (SB) admitiu que a janela partidária a ser aberta em março de 2026 deverá conduzi-lo para outra legenda.
O destino deverá ser o Podemos.
A sua preocupação é – assim como a de outros nomes da política com e sem mandato eletivo – correr o risco de não conquistar um novo mandato, por causa da legislação eleitoral e da necessidade de atingir os quocientes eleitoral e partidário, que assegura a vaga ao partido.
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A posição de Russi dá sinais de que ele lidera um considerável grupo de políticos que podem se considerar favoritos para ocuparem vagas legislativas, em que pese eleição sempre ser uma “caixinha de surpresa”.
O deputado negocia, há meses, com outros detentores de mandatos eletivos, como o deputado federal Juarez Costa (MDB) e com o vice-governador Otaviano Pivetta (Republicanos), que demonstra preocupação com a capilaridade do partido, e é pré-candidato à sucessão estadual.
A assumir que está deixando o PSB por questões orgânicas (receio de ser amplamente votado e não conseguir conquistar o mandato), o presidente da ALMT também sinaliza para os demais líderes partidários que, neste momento, não pensa em uma disputa majoritária.
Isso o ajuda nas amarrações e na construção de um caminho pavimentado, em busca do seu quarto mandato de deputado estadua, bem como na composição das vagas na Câmara dos Deputados, que tende a ser de 10 deputados, e das 30 vagas na Assembleia Legislativa.
Max Russi foi vereador por um mandato e prefeito de Jaciara (148 km ao Sul de Cuiabá) por dois mandatos,
O destino, apesar da confirmação do próprio parlamentar, não estaria 100% certo, pois quando iniciou as tratativas visando a mudança, já planejar a necessidade de aguardar a janela eleitoral de troca partidária, para evitar que o seu atual partido, o PSB, pudesse reivindicar seu mandato.
Existe o entendimento da Justiça Eleitoral de que o mandato, no caso daqueles eleitos pela proporcionalidade dos votos, pertence tanto ao eleito como ao partido, pois ele precisou dos votos dos demais concorrentes eleitos e não eleitos de sua sigla para conquistar seu mandato.
No decorrer deste tempo, o Podemos abriu negociação que se encontram bem adiantadas com o PSDB e tratam com firmeza a possibilidade de se fundirem, transformando os dois em apenas uma única sigla, o que pode ser um problema a ser resolvido no futuro, quando abrir a janela para troca de partidos por atuais detentores de mandatos eletivos proporcionais.
Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no sistema proporcional, as vagas são destinadas aos partidos e federações, e não aos candidatos em si.
O sistema eleitoral brasileiro comporta duas modalidades de disputa: as majoritárias que envolvem, presidente e vice-presidente da República; governador e vice; senador e seus dois suplentes e prefeitos e vice de um lado e, de outro lado, as eleições proporcionais, que contemplam os deputados federais, deputados estaduais, vereadores e suplentes.
No primeiro caso, os majoritários, em que pese as disputas dependerem de grupos políticos e partidos aliados, o eleito só depende dos próprios votos para conquistar seu mandato.
Já os proporcionais, eles representam uma porção do eleitorado e diante desta porção ou somatória de votos, eles conquistam mais vagas na Câmara dos Deputados, nas Assembleias Legislativas e nas Câmaras Municipais e, com isto, os mais votados acabam eleitos, mas as sobras, também as vezes provocam distorções.
Só que, na prática, muitos colheram dissabores com essas regras.
O caso mais recente foi em 2022, quando a deputada federal mais votada, Rosa Neide pelo PT, obteve 124.671 ou 7,20% dos votos válidos e ficou de fora da atual composição da bancada de deputado federal, atualmente com oito nomes.
Para se ter uma ideia da complexidade da regra, todos os oito deputados federais eleitos em 2022 por Mato Grosso obtiveram menos de 100 mil votos, enquanto a não eleita e mais votada, Rosa Neide, fez 124.671 votos.
O segundo mais votado, que herdou a vaga de primeiro eleito em 2022, foi Fábio Garcia (UB), atual chefe da Casa Civil do Governo do Estado, que obteve 98.704 votos ou 5,70%, e o terceiro que virou o segundo eleito, foi o atual prefeito de Cuiabá, Abílio Brunini (PL), com 87.072 votos ou 5,03% do total de votos validos.
A diferença de Rosa Neide, que não foi eleita, para o terceiro candidato e que foi eleito, Abilio Brunini, é de 37.599 votos.
Já em relação ao segundo candidato que também foi eleito, Fábio Garcia, é de 25.967 votos.
Essa anomalia acontece porque Rosa Neide disputou as eleições pela Federação Brasil da Esperança, formada pelo PT, PcdoB e PV, e os demais candidatos desta coligação receberam votações consideradas pífias, como, por exemplo, o ex-juiz federal, Julier Sebastião (PT), que fez 7.626 voto,s e Chico Daltro, que foi vice-governador de Mato Grosso e deputado estadual por vários mandatos e somou apenas 3.342 votos.
Com essa votação, a Federação Brasil da Esperança e seus partidos não conseguiram eleger deputados federais e elegeu apenas dois estaduais, entre 24 vagas.
O quociente para deputado federal foi de 216.285 votos e para deputado estadual o quociente eleitoral foi de 72.011 votos, na distribuição das vagas diretas, os candidatos dos partidos que alcançaram esse número, tinham que ter, pelo menos, 10% do quociente para se eleger.
Outro caso que ficou marcado na história de Mato Grosso foi a derrota de Dante de Oliveira, em 1990, quando disputou uma vaga de deputado federal e, mesmo sendo o mais votado, com 48.889 contra 48.428 votos dados a Jonas Pinheiro (PFL), acabou perdendo por sua coligação não ter atingido o quociente eleitoral.
O segundo mais votado de sua coligação a época e derrotado foi Antero Paes de Barros,
Em 1990, o atual senador Jayme Campos (União) foi eleito governador de Mato Grosso e a força de sua coligação elegeu Júlio Campos senador da República, os oito deputados federais e 18 estaduais, de um total de 24 vagas na Assembleia Legislativa.
Quatro anos depois, quando ainda não existia o estatuto da reeleição para cargos majoritários, Dante de Oliveira viria a ser eleito para suceder a Jayme Campos no Governo de Mato Grosso.
Em tempo: as regras promovem distorções tanto entre os mais votados, como também entre os menos votados, permitindo a eleição por média partidária de candidatos com menos votos daqueles que foram considerados derrotados.
Mesmo após decorridas as eleições, existem alternância, como no caso da eleição de Abilio Brunini (PL) para Prefeitura de Cuiabá, menos de dois anos após ter sido eleito deputado federal.
Abílio deixou sua vaga para Rodrigo da Zaeli, empresário em Rondonópolis, que, em 2022, fez 6.968, votação que não lhe permitira ser nem deputado estadual.
Em 2022, Zaeli também disputou a vaga para vereador de Rondonópolis, não foi eleito e fez 1.010 votos.
É necessário lembrar que o primeiro suplente do PL para deputado federal era Nelson Barbudo, que assumiu o mandato em maio de 2024, antes das eleições municipais, com o falecimento da deputada Amália Curvo, que foi submetida a uma cirurgia para retirada de um nódulo e não superou o quadro clínico.
Max Russi obteve 70.328 votos nas eleições de 2022, quando se reelegeu para seu terceiro mandato de deputado estadual, um crescimento vertiginoso, já que, em sua primeira eleição, em 2014, foi contemplado com 20.609 votos e, em 2018, saltou para 35.042.
LIDERANÇAS – O presidente do Poder Legislativo passou a compor um seleto grupo de jovens políticos com idade tenra e com futuro promissor, se mantiver a aprovação popular.
Este quadro de votação, acima da média, o credencia, em alçar voo mais altos.
Só que, além de voto, Max Russi tem uma vantagem em relação aos demais líderes políticos do momento: a idade.
Com 47 anos, portanto, na condição de presidente da Assembleia Legislativa, líder político e partidário, isto o coloca com uma enorme vantagem de olhos nas sucessões a partir de 2030, quando se encerra o mandato daqueles que serão eleitos em 2026.
Além de Max Russi, se tem na mesma condição a deputada Janaina Riva (MDB), ainda mais nova que Russi, com 33 anos e pronta para disputar sua primeira eleição majoritária, para uma das duas vagas no Senado da República (em 2026, estarão em disputa 2/3 das 81 vagas de senador, lembrando que são três senadores por Estado) e ainda o deputado federal, Fábio Garcia (UB), 47 anos, um dos mais próximos ao governador Mauro Mendes, o que o ajuda na mesma proporção que o atrapalha.
Certo é que Max Russi constrói um cenário que tende a lhe ser amplamente favorável, ainda mais se for reeleito com uma votação crescente como ocorrido nas últimas disputas eleitorais.
E, quando se fala em eleições majoritárias a partir de 2030, seu horizonte, assim como de Janaina Riva, se tornam ainda mais amplos e com boas perspectivas.
A disputa em 2026, sem concorrer com Janaina Riva, que em 2022 foi a mais votada, com 82.124 votos contra 70.328 obtidos por Max Russi, desenham para o atual presidente da Assembleia um cenário favorável e que depende apenas do seu próprio trabalho e de continuar conquistando mais votos.
Ainda existe a possibilidade de ele, em sendo reeleito deputado estadual para um quarto mandato, também consiga se reeleger presidente do Parlamento Estadual, o que ampliaria ainda mais a sua realidade futura.
QUOCIENTES ELEITORAL E PARTIDÁRIO – O quociente eleitoral “é determinado pela divisão da quantidade de votos válidos apurados pelo número de vagas a preencher”, segundo a resolução do TSE de nº 23.677/2021.
No caso de resultados fracionados, o valor após a vírgula é arredondado: “desprezando-se a fração, se igual ou inferior a 0,5, ou arredondando-se para 1, se superior”.
Requisitos para a eleição. Neste sistema, o primeiro requisito para ser eleito é que o candidato obtenha uma votação de, no mínimo, 10% do quociente eleitoral. O segundo é estar entre os mais votados do seu partido ou federação — o que é determinado pelo quociente partidário.
O quociente partidário é o que determina o número de vagas que cada partido terá direito.
De acordo com a mesma resolução do TSE, o número “é determinado pela divisão da quantidade de votos válidos dados sob o mesmo partido político ou federação pelo quociente eleitoral”. Desta vez, não há arredondamento e o que vem depois da vírgula é desprezado.
Ao final dos cálculos, as vagas são preenchidas pelos candidatos que alcançaram o maior número de votos dentro do partido ou federação. Vale ressaltar que, para a realização dos cálculos, as federações partidárias são consideradas como um único partido político.
Caso o número de votos de um partido seja menor que o quociente eleitoral da cidade, ele não terá direito às cadeiras na Câmara — e precisará aguardar por vagas remanescentes.